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Reagir...


Só reagir sempre estava me deixando cansada. Uso reagir no sentido de agir a partir do estímulo de uma outra pessoa: se me agredissem, eu revidava! se me afagassem, eu devolvia! Se me sorrissem, eu sorria! Se me ignorassem, eu ignorava! e assim, segui me definindo e agindo a partir dos afetos da outra pessoa...

Pense na quantidade de pessoas que a gente encontra em um dia! Pense na quantidade de afetos que a gente troca no contato diário (pessoal ou virtualmente)! Só reagir aos estímulos estava realmente me deixando cansada. E reagir é quase automático. Reagir só, é estar sempre em função de uma outra pessoa, ou de um outro afeto, de um estímulo externo. É estar sempre disponível pra outra pessoa sem me levar em consideração.

Pensando num exemplo prático e corriqueiro (e centrando na minha estratégia de vida pra ser mais good vibes e generosa comigo mesma) só reagir é tipo acordar bem, e mudar de humor por que o motorista de ônibus que talvez a gente nunca mais vai ver foi grosseiro. É carregar o dia inteiro o ódio desse motorista e no fim do dia nem lembrar mais dele, mas ter tido um dia péssimo por causa dele.

A gente tem várias possibilidades de ação: A gente pode avaliar o contexto que faz o cara ser grosseiro e entender que o dia está péssimo pra ele (e deixar ele lá com o ódio dele); a gente pode ignorar egoistamente pensando que nunca mais verá a pessoa; a gente pode anotar contatos do ônibus e dele e abrir uma reclamação formal (se todo mundo fizesse reclamações formais <3); a gente pode xingar ele, responder e não ficar passando raiva depois pq não falou nada... mas a gente garra no ódio e carrega o dia todo o motorista. A gente carrega o bode dele e afeta nosso humor e começa também a distribuir grosserias. E pronto: o dia virou um pesadelo. rs. Cansativo. Muito.

Me alegrar com a alegria do outro, ou entristecer com a tristeza alheia é lindo, mas precisa ser também um exercício entender que são afetos do outro. Acho que tô num movimento tentando entender quais afetos são meus. Não tenho resposta, mas já tô bem mais leve em perceber que não preciso (nem quero) carregar todo mundo.

Aí entro nesse segundo ponto da reflexão: Sempre que eu escrevo é pra me convencer das minhas ideias, dos meus valores, das minhas crenças, dos meus amores, das minhas dores, das minhas dúvidas, dos meus saberes, de mim. É pra tirar o peso dos outros sobre mim. E opinião pesa.

Tirei algumas aqui pra mostrar. Algumas poucas opiniões sobre mim:

Você é muito quieta; é muito falante; é muito bonita; é muito esquisita; é muito inteligente; é meio limitada; é tímida, né?; é bem descolada; é modelo, né? você fala demais!; você fala de menos!; você tem certezas demais!; você é muito egocêntrica; você precisa parar de pensar nos outros!; você é muito fria; você é ótima amiga; você se expõe demais; você é muito fechada.

Já ouvi isso tudo. Já ouvi mais, até. E ouvir demais é deixar isso tudo, que é o que o outro pensa, entrar. É deixar quem não me sabe me definir. E acho que é por isso que eu escrevo: pra saber onde é que eu estou nisso tudo.


 
 
 

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