Ecos da diáspora, episódio #2:
- Jahëna Louisin
- 18 de out. de 2017
- 2 min de leitura
O clareamento da pele no Togo : ninguém fala, mas mata todo dia ! Na Nigéria, 77% das mulheres clareiam a pele, no Togo, ¼ da população feminina está envolvida nesta prática. Neste país onde eu moro e como em outros países africanos (Senegal, Costa do Marfim, Mali, Congo ...), o fenômeno do branqueamento/clareamento da pele é claramente visível, é uma epidemia!. Mulheres pela maioria, mas também alguns homens têm a pele completamente destruída. Os sinais externos irreversíveis são os mesmos: cistos, acne, eczema, manchas marrons. A origem também: produtos de branqueamento da pele com uma composição tão duvidosa como perigosa... e para certas práticas, mortais. Esses produtos vêm majoritariamente da Costa do Marfim e são produzidos por indústrias de cosméticos pertencentes à poderosas famílias libanesas. Os efeitos prometidos por esses produtos? Uma pele uniforme, clara e “sem manchas”. Para que? A aproximação de um ideal de beleza ocidental, a mulher com pele clara.

Uma propaganda no Senegal. As consequências na pele do uso de produtos para branquear a pele.

« Quero ser mais clara porque mais clara, mais linda » A resposta é a mesma. Tão direta quanto dolorosa. A pele clara no Togo quanto em outros países da região, é sinônimo de beleza e sucesso. Se não for possível tornar-se branco, é preciso fazer de tudo para pelo menos se aproximar da pele dele. Um complexo de inferioridade, herança da escravidão e da violência com a qual fomos obrigados à nos odiar, odiar nossa pele, odiar nosso cabelo, odiar nossa identidade. O branqueamento é para a pele o que é a química para o cabelo: uma negação de sua identidade e o sinal externo mais brutal de uma violação psicológica da autoestima.

"uma pele mais brilhante"
Uma agressão constante Nas ruas da capital togolesa, não da para contar o número de propagandas que destacam mulheres claras e promovendo os supostos efeitos milagrosos desses produtos de branqueamento da pele. A associação da beleza com o tom da pele nem é sutil: ela é direita, ela é agressiva. Elas constantemente atacam e recordam à centenas de milhares de mulheres , de que não representam um ideal de beleza e meninos e aos homens, que suas irmãs negras não são bonitas porque não se encaixam nesta caixa estética.

Propaganda nas ruas de Lomé, capital do Togo:
« corpo uniforme, pele brilhante » No Togo, ninguém esta poupado. Seja qual for a categoria social. Pobre ou rico, o complexo é trans social e trans generacional. E todos, qualquer que seja seu orçamento, encontram seu gosto, seu produto. Esses produtos estão à venda assim no mercado negro quanto na farmácia. Sim, você leu bem, na farmácia! Quais mensagens são dados à esses homens e mulheres que estão tentando se forjar um lugar, uma identidade e autoestima em um ambiente que constantemente os lembra que são, por natureza, excluídos da beleza?