top of page

AGRADECIMENTO AOS MEUS PAIS


Já era noite quando eu recebi a ligação de minha irmã Débora, ela disse "nosso pai morreu, Jessyca", no mesmo dia ainda cedo eu tive a impressão de vê-lo, mas não imaginava que ele nos deixaria 4 dias antes do seu aniversário. Eu tinha acabado de completar dois meses de confirmada, acabara de me conhecer Ekede de Jagun, filha de Omolú.A partir daquela ligação muita coisa mudou. Apesar do meu pai Alberto não ser tão presente, eu sempre tive muito carinho e respeito por ele, homem preto, pai de 5 filhos, morador de Belford Roxo, trabalhava de segurança de alguns estabelecimentos na zona oeste e foi assim que conheceu minha mãe e através dela eu o conheço hoje. Toda vez que eu visitava minha irmã Débora no mesmo bairro do meu pai, eu notava o quanto ele era querido e conhecido, pela vizinhança. Ele sempre tava rindo e fazendo as minhas vontades, ajudando as minhas irmãs e sobrinhas. Meu pai aconselhava, conversava mas tinha seus limites. No dia do seu enterro, o cemitério da cidade estava cheio, todos sem acreditar que ele havia partido, eu lembro que apesar muito triste, eu fui capaz de sorrir naquele dia. Obrigada, Pai!

Foi aos treze anos que meu pai Alberto dividiu o posto de pai com Omolú e eu passo a conhecer o grande amor da minha vida, através do meu pai Jorge de Jagun. Omolú sempre foi presente, não é calmo, mas é silencioso, fala uma vez e gosta muito de ser ouvido. Ele nunca me proibiu de nada, só dizia pra que eu entendesse as consequências e apesar de todas as burradas que eu já fiz na minha vida, ele nunca me abandonou. Omolú me educou no silêncio, enquanto eu fazia tempestade (como uma boa filha de Oyá e de Silvania também), ele esperava e dizia algo que me trazia a paz de novo (é claro que não é receita de bolo e Omolú pode ser diferente com as outras pessoas). Meu pai me trouxe a luz, a vida, eu não era antes dele e hoje eu só sou porque sou filha dele. Senti-lo por perto é sair de mim, o coração acelera os olhos enchem d’água e o sorriso de orelha a orelha tenta refletir a felicidade que sinto. Agradeço a Omolú por ter me escolhido, a Jagun e Oyá por terem me guiado, ao meu pai Jorge de Jagun e a minha mãe Silvania por me ajudar no meu nascimento.

(Imagens do clipe Shine da Trilogia Diasporical de Blitz The Ambassador) Mesmo após o falecimento do meu pai Jorge de Jagun, eu não me senti sozinha. Eu continuei sendo guiada pelos meus pais. E entendi que a morte é algo necessário pra nós e está presente de forma curiosa na minha vida. A história ao pé da letra é muito mais dolorosa e contagiante, hoje eu só vim contar que meu pai foi quem me deu amor. Eu sou filha de Omolú, de Alberto, de Jorge de Jagun 💛 Apesar de não ter todos eles vivos presentes em carne, eu sou grata por tê-los na vida. E a saudade ameniza toda vez que eu converso com eles nos meus sonhos!


 
 
 

Posts recentes

Ver tudo
  • Black Facebook Icon
  • Black Instagram Icon
  • Black Blogger Icon
  • Black Pinterest Icon
bottom of page